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Reset da Sustentabilidade: inserindo o verdadeiro contexto ecológico.

Atualizado: 8 de jan. de 2021

A Mutação Sustentável vem compartilhando post e ideias da maior tendência dos negócios e mercado, de como se relacionar e até mesmo pensar, a Sustentabilidade.


Muitos podem achar que estamos ultrapassados em chamar isso de tendência, uma vez que o conceito de desenvolvimento sustentável foi fruto da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, na publicação do Relatório Brundtland, em 1987, intitulado Nosso Futuro Comum.

Acontece que desde então, o conceito de Sustentabilidade tem sido muitas vezes distorcido, cooptado e até mesmo banalizado por ser usado sem o contexto ecológico, que lhe confere inclusive o significado.

Um trecho do Relatório Nosso Futuro Comum traz: “No mínimo o desenvolvimento Sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: atmosfera, águas, solos e seres vivos.” Mas, não é isso que vemos após 33 anos da publicação do Relatório.


O resultado até então do desenvolvimento sustentável não é muito animador, basta acessar os dados recentes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) sobre estarmos em emergência climática, conhecer os índices de perda de biodiversidade ou os níveis de poluição química do ar, água e solo.

Porém, uma das grandes críticas por parte de muitos economistas, principalmente na década de 90 era a subjetividade do contexto do relatório, por falta de informações concretas e técnicas quanto as questões ecológicas, o que fez com que a tomada de decisão para o desenvolvimento sustentável acabasse tendo um peso maior para o pilar "Economicamente viável".


Um estudo importante que permitiu identificar quais os riscos ambientais que o desenvolvimento econômico estava causando foi o dos Limites ou Fronteiras Planetárias, de 2009.


Fronteiras planetárias é o conceito central na estrutura do sistema Terra proposto por um grupo de cientistas do sistema Terra liderado por Johan Rockström do Stockholm Resilience Centre e Will Steffen da Universidade Nacional da Austrália. Em 2009, o grupo propôs para a comunidade internacional, um quadro de "fronteiras planetárias" planejado para definir um "espaço operacional seguro para a humanidade", como uma pré-condição para o desenvolvimento sustentável. Este quadro é baseado em pesquisas científicas que indicam que desde a Revolução Industrial, as ações humanas têm se tornado gradualmente o principal condutor da mudança ambiental global. Os cientistas asseveram que uma vez que a atividade humana ultrapassou certos limiares existe um risco de "mudanças abruptas e irreversíveis". Os cientistas identificaram nove processos do sistema Terra que apresentam fronteiras as quais, uma vez que não sejam ultrapassadas, marcam a zona de segurança para o planeta. Contudo, devido à atividade humana, algumas dessas fronteiras perigosas já foram ultrapassadas, enquanto outras estão em risco iminente de ser cruzadas.

Na figura abaixo está representado os 9 processos do Sistema Terra essenciais necessários para manter as condições ambientais ideias para a humanidade: Mudanças Climáticas, Acidificação Oceânica, Depressão da Camada de Ozônio, Ciclos Biogeoquímicos do Nitrogênio e Fósforo, Uso de Água, Desflorestamento e outras mudanças de uso do solo, Perda de Biodiversidade, Poluição por Partículas na Atmosfera e Poluição Química. Em 2009, praticamente 4 deles já haviam ultrapassado o limite de segurança: Mudança Climática, Ciclo de Nitrogênio e Fósforo e Perda de Biodiversidade.


A partir desta nova referência e com os avanços na ciência, o entendimento do comportamento da Terra como um organismo vivo e seu próprio sistema autorregulador, começou a mudar a visão de solução para a sustentabilidade. E a natureza e os sistemas vivos passaram de recursos a serem dominados e controlados com a mentalidade humana, para sabedoria e mestres de como fazer uma gestão efetiva dos recursos e prosperar em abundância. Afinal, o planeta Terra passa pelo seu processo de evolução, desenvolvendo resiliência e crescendo com qualidade há bilhões de anos, sendo que está praticamente em equilíbrio climático há pelo menos 10 mil anos, identificado como período do Holoceno.


Desde a década de 70, várias escolas de pensamento baseados em conhecimento da natureza, processos e relacionamentos ecológicos surgiram como alternativa para o desenvolvimento econômico, como por exemplo: Pensamento em Ciclos, Ecologia Industrial, Design Regenerativo, Cradle to Cradle, Biomimética e a Blue Economy. Algumas propostas de modelo de economia também começaram a ser introduzidas, como a Economia Verde e a Economia de Baixo Carbono.

Embora nenhum destes modelos tenha ganhado força em uma aspecto global, todas serviram de referências para o modelo da Economia Circular, o qual começou a ser mais difundido em 2015, após o estudo publicado pela Ellen MacArthur Foundation, SUN, McKinsey & Co. “Growth Within; a circular economy vision for a competitive Europe”. A economia circular surge como a solução que atende os dois lados, tanto o crescimento econômico quanto a regeneração ambiental. Com ela, passamos da relação de oposição de crescimento x sustentabilidade para finalmente uma relação ganha-ganha-ganha (a economia, o meio ambiente e a sociedade).


No início de 2020, o mercado e o mundo dos negócios deram indícios de um cenário de mudança com o posicionamento do presidente da gestora de ativos Black Rock. Larry Fink divulgou uma carta de intenção em relação à mudança climática e os riscos financeiros, colocando a sustentabilidade no coração da estratégia dos investimentos, além de incentivar um capitalismo responsável e transparente.


A crise global da pandemia Covid-19 também serviu de alerta para as previsões da crise gerada pela emergência climática, e abriu oportunidade para acelerar a transição para um novo modelo de Economia.


Outro posicionamento que acelerou as tendências pré-existentes de um Capitalismo Consciente foi a campanha do Fórum Econômico Mundial, The Great Reset, uma agenda que incentiva transformações para sair da crise e emergir um mundo melhor. A agenda contém 6 objetivos principais com vários setores interdependentes, conforme apresentando na imagem abaixo: Fortalecendo o Desenvolvimento Regional, Revitalizando a Cooperação Global, Modelos de Desenvolvimento Sustentável, Restaurando a Saúde e o Desenvolvimento Ambiental, Redesenhando Contratos Sociais, Habilidades e Empregos, Modelando a Recuperação Econômica, e Vestir a Armadura da 4ª Revolução Industrial.


O ano de 2020 foi uma amostra do mar de complexidade e diversidade que estaremos navegando nesta nova era. E, existe melhor exemplo para aprender a lidar com sistemas complexos com diversas interações do que a própria Terra e os sistemas vivos?

Por este motivo, as tendências com perspectivas ecológicas estão ganhando cada vez mais espaço dentro da gestão e inovação, como um novo paradigma.


Para dividir com vocês um pouco do que viemos acompanhando de ascensão na sustentabilidade, preparamos um e-book com mais de 30 Tendências Ecológicas para Sustentabilidade que já estão mudando o mercado e os negócios.


A Mutação Sustentável surgiu a partir dessa mudança de visão de mundo baseada em fundamentos mecanicista e reducionista para uma visão de mundo ecológica e sistêmica, e é por isso que acreditamos e sentimos que esta será uma transição para o futuro desejável.


No entanto, o sucesso da transformação só será atingido se todos os atores se comprometerem com o novo paradigma, e dar um Reset também, na forma que temos buscado a Sustentabilidade.



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